Desejo aqui traçar uma linha do tempo sobre
algo que partiu deste governo e, a princípio, me pareceu promissor, mas foi abafado pela intempestividade
do Ministro da Educação Abraham Weintraub mandatário da pasta. Após muita reflexão, vejo que foi um grande erro do Ministro e do governo Bolsonaro sustentar essa luta e vou explicar o porquê.
Primeiro a intempestividade.
Aos poucos
aprender-se-á que querelas e discussões rasas não são tarefas de governo, está demorando, mas deve aprender. Querelas
no seio do Estado sempre ganha proporções gigantescas. O Ministro da Educação
resolveu dizer que cortaria recursos de universidades que promoviam balbúrdia.
Tipo UnB, UFBA e UFF, essas gigantes. Nada mais, nada menos! Impossibilitado de fazer perseguição
como prometido, disse que faria com todas universidades. Desta vez, justificou
que a educação básica é mais importante do que a superior, mas sem dizer
exatamente como fará essa importância prevalescer (importante não dizer). O
problema é que a educação básica está a cargo dos estados e municípios, portanto
demanda no mínimo uma revisão das relações intergovernamentais, ou seria apenas
mandar mais dinheiro? Tudo isso não vi na imprensa, a conta de twitter do Sr. Ministro foi minha principal fonte de consulta.
Ocorre que a querela
se estendeu até a divulgação governamental de que o corte não era corte, era
contingenciamento (reversível portanto) e que isso não tinha relação com balbúrdia, tampouco com valorização
do ensino básico (como se rivalizassem um ao outro), mas com obediência ao
Ministério da Economia. Fazendo posterior exercício de tecnificação de seus anteriores
posicionamentos ideológicos (como a retórica do seu 2+2=4), tentou mostrar que 30% é na
verdade 3,5%, mas não colou porque, para decisão universitária, os recursos que
importam são os cuja discricionariedade é facultada ao gestor, no caso reitores. Sobre estes recursos, o contingenciamento
gira sim em torno de 30%.
Misteriosamente, as redes sociais foram invadidas por imagens de espaços depreciativos, gente
usando drogas, e muita, muita gente pelada. Quase um fetichismo coletivo. O
recente top trend mundial do erro do nome do presidente “#BolDonaroNossoPresidente”, com D ao invés de S (letras
vizinhas do teclado), nos
dá pistas de como os robôs estão agindo nesses eventos.
Uma grande
manifestação em favor da Educação ocorreu na paralização do dia 16/05/2019 Brasil
afora, como sempre com caroneiros pedindo pautas diferentes da pauta principal, é a argumentação contrária.
Apesar de eu mesmo não gostar dessas caronas, até onde sei, sempre será assim. Isso não
invalida o evento, pois para mim, essa luta é uma demanda legítima pelos fatos
que narro.
Mas ao invés de
reajustar os ponteiros, como deveria – e fez todos os governos anteriores – , o
governo parece apostar na já convocada manifestação do dia 26 de maio (do #BolDonaroNossoPresidente),
e outra da oposição, convocada para o dia 30 de maio. Ok. Aqui estamos, a beira de um colapso (não sei se estou sendo muito trágico).
E o que seria então promissor?
Bem, anteriormente
a essa atravessada do Ministro da Educação, a discussão sobre previdência crescia
e entendimentos estavam começando a acontecer. É tema deveras importante, pois reforma
é fundamental para encontrarmos não apenas economia do Estado, mas talvez
principalmente justiça social (o que ainda não está claro para mim). Alguns bons posicionamentos já foram colocados e
eu mesmo vislumbrei possibilidades tremendas, apesar de ainda ter dúvidas.
Concomitante,
havia sido editado uma MP da Liberdade Econômica. Não sei quem foi a assessoria, mas
uma redação de lei revolucionária, em termos de Brasil, por sua profundidade e simplicidade
em favor da criação de emprego e renda, favorecendo empreendimentos,
empreendedorismo, negócios digitais, startups. A MP Remove diversos entraves públicos
para criação de novos negócios. De tão inovadora, merecia uma avaliação de
especialistas e discussões que atingisse a percepção da população em geral.
Essa lei deveria
ser discutida inclusive pelo setor empresarial, pois como sabemos, o setor ainda
está reticente em investir, pois demostrar ter ainda ligeira desconfiança deste governo, tanto
é assim que os principais veículos de comunicação destinado ao empresariado, em
regra, ainda contesta diversas decisões de governo – basta acompanhar os
editoriais do Valor Econômico, Gazeta Mercantil, Isto é Dinheiro entre outros. Veja
que medo de investir repercute no nível de investimento real de uma nação, uma
noção elementar de economia. Daí sustentar pautas de luta, como esse governo está fazendo, enfrequecem a economia, que tanto diz defender. Aliás, me pergunto como o empresariado local se sente quando vê o Presidente oferencendo o Brasil para ser explorado pelos israelenses e norte-americanos? Sem qualquer ideologia (#ironia).
Voltando! Ao
invés de comprar briga com setores da educação seria muito mais saudável ampliar
a discussão da MP da Liberdade Econômica e lançar luz as discussões já
iniciadas sobre reforma tributária, e fortalecer as discussões sobre a reforma
da previdência. Esses esclarecimentos dariam novo fôlego ao governo.
Mas e a educação? Bem ela precisa realmente de reforma, mas precisa de um plano. Já cobrei insistentemente do Ministro da Educação e do Presidente pela minha conta do twitter. Tenho até uma ideia de modelo de educação. Mas não é hora de expor, pois não há diálogo quando se está sob ataque.
Enfim, não tenho bola
de cristal para dizer o que ocorrerá, mas pelos motivos expostos, estou
convicto de que o governo perdeu um grande e único momento, cuja reversão custará caro.
O governo
Bolsonaro ainda não perdeu os bonsonaristas de bom senso. Mas pode. Em que me
baseio essa afirmação? Simples! Entro no perfil de Facebook de pessoas que
considero de bom senso e que apoiam o governo, mas não estão se manifestando
acerca dessa contenda da educação. O silêncio é o primeiro sinal de que os bons
não concordarão com tudo por ser de seu político de estimação. Para os de bom
senso, tudo tem limite. Se continuar errando, a manifestação dos apoiadores tomará sentido contrário.
Por enquanto, esperaremos a última
semana de maio.