segunda-feira, 20 de maio de 2019

A Educação e o Brasil


Desejo aqui traçar uma linha do tempo sobre algo que partiu deste governo e, a princípio, me pareceu promissor, mas foi abafado pela intempestividade do Ministro da Educação Abraham Weintraub mandatário da pasta. Após muita reflexão, vejo que foi um grande erro do Ministro e do governo Bolsonaro sustentar essa luta e vou explicar o porquê.
 Primeiro a intempestividade.
Aos poucos aprender-se-á que querelas e discussões rasas não são tarefas de governo, está demorando, mas deve aprender. Querelas no seio do Estado sempre ganha proporções gigantescas. O Ministro da Educação resolveu dizer que cortaria recursos de universidades que promoviam balbúrdia. Tipo UnB, UFBA e UFF, essas gigantes. Nada mais, nada menos! Impossibilitado de fazer perseguição como prometido, disse que faria com todas universidades. Desta vez, justificou que a educação básica é mais importante do que a superior, mas sem dizer exatamente como fará essa importância prevalescer (importante não dizer). O problema é que a educação básica está a cargo dos estados e municípios, portanto demanda no mínimo uma revisão das relações intergovernamentais, ou seria apenas mandar mais dinheiro? Tudo isso não vi na imprensa, a conta de twitter do Sr. Ministro foi minha principal fonte de consulta.
Ocorre que a querela se estendeu até a divulgação governamental de que o corte não era corte, era contingenciamento (reversível portanto) e que isso não tinha relação com balbúrdia, tampouco com valorização do ensino básico (como se rivalizassem um ao outro), mas com obediência ao Ministério da Economia. Fazendo posterior exercício de tecnificação de seus anteriores posicionamentos ideológicos (como a retórica do seu 2+2=4), tentou mostrar que 30% é na verdade 3,5%, mas não colou porque, para decisão universitária, os recursos que importam são os cuja discricionariedade é facultada ao gestor, no caso reitores. Sobre estes recursos, o contingenciamento gira sim em torno de 30%.
Misteriosamente, as redes sociais foram invadidas por imagens de espaços depreciativos, gente usando drogas, e muita, muita gente pelada. Quase um fetichismo coletivo. O recente top trend mundial do erro do nome do presidente “#BolDonaroNossoPresidente”, com D ao invés de S (letras vizinhas do teclado), nos dá pistas de como os robôs estão agindo nesses eventos.
Uma grande manifestação em favor da Educação ocorreu na paralização do dia 16/05/2019 Brasil afora, como sempre com caroneiros pedindo pautas diferentes da pauta principal, é a argumentação contrária. Apesar de eu mesmo não gostar dessas caronas, até onde sei, sempre será assim. Isso não invalida o evento, pois para mim, essa luta é uma demanda legítima pelos fatos que narro.
Mas ao invés de reajustar os ponteiros, como deveria – e fez todos os governos anteriores  , o governo parece apostar na já convocada manifestação do dia 26 de maio (do #BolDonaroNossoPresidente), e outra da oposição, convocada para o dia 30 de maio. Ok. Aqui estamos, a beira de um colapso (não sei se estou sendo muito trágico).
E o que seria então promissor?
Bem, anteriormente a essa atravessada do Ministro da Educação, a discussão sobre previdência crescia e entendimentos estavam começando a acontecer. É tema deveras importante, pois reforma é fundamental para encontrarmos não apenas economia do Estado, mas talvez principalmente justiça social (o que ainda não está claro para mim). Alguns bons posicionamentos já foram colocados e eu mesmo vislumbrei possibilidades tremendas, apesar de ainda ter dúvidas.
Concomitante, havia sido editado uma MP da Liberdade Econômica. Não sei quem foi a assessoria, mas uma redação de lei revolucionária, em termos de Brasil, por sua profundidade e simplicidade em favor da criação de emprego e renda, favorecendo empreendimentos, empreendedorismo, negócios digitais, startups. A MP Remove diversos entraves públicos para criação de novos negócios. De tão inovadora, merecia uma avaliação de especialistas e discussões que atingisse a percepção da população em geral.
Essa lei deveria ser discutida inclusive pelo setor empresarial, pois como sabemos, o setor ainda está reticente em investir, pois demostrar ter ainda ligeira desconfiança deste governo, tanto é assim que os principais veículos de comunicação destinado ao empresariado, em regra, ainda contesta diversas decisões de governo – basta acompanhar os editoriais do Valor Econômico, Gazeta Mercantil, Isto é Dinheiro entre outros. Veja que medo de investir repercute no nível de investimento real de uma nação, uma noção elementar de economia. Daí sustentar pautas de luta, como esse governo está fazendo, enfrequecem a economia, que tanto diz defender. Aliás, me pergunto como o empresariado local se sente quando vê o Presidente oferencendo o Brasil para ser explorado pelos israelenses e norte-americanos? Sem qualquer ideologia (#ironia).
Voltando! Ao invés de comprar briga com setores da educação seria muito mais saudável ampliar a discussão da MP da Liberdade Econômica e lançar luz as discussões já iniciadas sobre reforma tributária, e fortalecer as discussões sobre a reforma da previdência. Esses esclarecimentos dariam novo fôlego ao governo.
Mas e a educação? Bem ela precisa realmente de reforma, mas precisa de um plano. Já cobrei insistentemente do Ministro da Educação e do Presidente pela minha conta do twitter. Tenho até uma ideia de modelo de educação. Mas não é hora de expor, pois não há diálogo quando se está sob ataque.
Enfim, não tenho bola de cristal para dizer o que ocorrerá, mas pelos motivos expostos, estou convicto de que o governo perdeu um grande e único momento, cuja reversão custará caro.
O governo Bolsonaro ainda não perdeu os bonsonaristas de bom senso. Mas pode. Em que me baseio essa afirmação? Simples! Entro no perfil de Facebook de pessoas que considero de bom senso e que apoiam o governo, mas não estão se manifestando acerca dessa contenda da educação. O silêncio é o primeiro sinal de que os bons não concordarão com tudo por ser de seu político de estimação. Para os de bom senso, tudo tem limite. Se continuar errando, a manifestação dos apoiadores tomará sentido contrário.
Por enquanto, esperaremos a última semana de maio.