terça-feira, 20 de junho de 2017

Capitalismo e Moralidade

Hoje reproduzo a postagem que fiz em minha página de Facebook pessoal faz um ano atrás. Tenho defendido sistematicamente que não se consolidou nenhum caminho que suplantasse o atual sistema econômico capitalista, mas por outro lado, tenho defendido a importância da inovação para mitigação de problemas sociais e ambientais no seio do capitalismo. Costumo dizer que sou "evolucionista", isto é, creio que mudanças paulatinas ou mesmo abruptas são, de certa forma, capazes de mudar um mundo para melhor. Pode haver pouco de inocência, mas há também de evidências. Para evoluções ocorrerem de forma consistente - socialmente e ambientalmente -, mudanças paradigmáticas dos indivíduos são mais relevantes que uma mudança impositiva no sistema econômico. Indivíduos devem trilhar cada vez menos no auto-interesse para ser cada vez mais altruístas, muito embora, no que digo abaixo mostra que, algumas vezes, o sistema capitalista per si já é capaz de promover mudanças consideráveis. 
Abraços.

REPRODUÇÃO DO TEXTO

Nunca gostei de endeusar o capitalismo como a solução da sociedade, mesmo porque ela já demostrou falhas gritantes, cuja correção não pode endógena, mas realizada por outros meios, como o Estado. Ainda sim, vejo o sistema de preços e alocação de recursos extremamente importante em muitos casos, motivo pela qual a liberdade (incluindo a livre iniciativa privada) deve ser desejável, e a intervenção “moralista” em um sistema econômico amoral pode ser desastroso, em alguns casos. Dois exemplos.


Na Índia os dalits são representantes da casta mais baixa da sociedade, os intocáveis de tão impuros que são. Um sistema social cruel. Todavia, com a emigração de indianos para a Inglaterra e o posterior retorno, gerou-se inúmeros empreendedores dalits que romperam a barreira social indiana podendo ter acesso àquilo que nunca teria se não tivesse sido por meio do empreendedorismo. Adivinha quem eles contrataram em suas empresas? Dalits, é claro. E para exercer funções que dalits jamais fariam no sistema social indiano tradicional, melhor do que qualquer lei moralista para resolver problemas de castas.

E as conquistas femininas? Algumas podemos apontar ao longo da história da luta contra o machismo. Entre elas uma conquista se destaca: a pílula anticoncepcional, ou o direito de escolha sobre a gravidez. Cientistas - provavelmente machistas - desenvolveram-na em empresas provavelmente gerenciadas por homens para trazer benefícios às mulheres. Imagina se ao invés da busca por lucro, os cientistas abrissem mão de suas inovações porque libertaria as mulheres de seus domínios e tornar suas vidas masculinas mais difíceis? Como a amoralidade capitalista foi importante para conquistas femininas, não?

Apenas ponho esta questão porque algumas visões de esquerda sempre engendram um tipo de polarização, e busca-se penalizar aquilo que funciona em nome do social, sem se dar conta de que ser um Estado quer expandir seus braços sociais necessariamente precisa garantir as fontes de receita, que são impostos gerados pelo setor produtivo.
Reforço: o Estado precisa regular a atividade econômica para não causar danos à sociedade, mas o que funciona bem é desejável que assim permaneça, pois a moralidade exógena pode atrapalhar mais de ajudar.

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